terça-feira, junho 14, 2005

Ainda dizem que tal!

Tenho recebido algumas críticas sobre alguns dos meus textos, principalmente aqueles em que divago sobre as relações amorosas. Insinuam que não sou um romântico. Mas posso provar o contrário. Quando coloquei o post Cara-metade, o meu intuito não era caluniar as pessoas que realmente amam e têm um amor da sua vida, mas sim constatar que a maioria das pessoas, hoje em dia, vê e sente tudo levianamente. A expressão diz tudo: amor da minha vida, portanto, um apenas. Outro texto, Simples, mas não simplista, refere uma história de um sujeito perdidamente apaixonado, mas cuja paixão não é correspondida. Neste post revelo uma das melhores técnicas de engate. Quando queremos realmente conquistar alguém, necessitamos de vários estratagemas para sermos realmente eficazes. Uma das melhores coisas a fazer quando nos parece que já não há nada a fazer é mesmo desaparecer. A pessoa pretendida aperceber-se-á da falta que fazemos. Daí até ao comeseste é um pequeno passo.
Anda um gajo a divulgar as suas técnicas e ainda dizem que tal!

domingo, junho 12, 2005

Simples, mas não simplista

O que fazer quando já não há nada a fazer:

“Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
e com letra bonita eu disse que ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar
e dando calor ao sumo das mangas
Sua pele macia – era sumaúma…
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
sua pele macia guardava as doçuras do corpo rijo
tão rijo e tão doce – como o maboque…
Seus seios, laranjas – Laranjas do Loje
seus dentes… – marfim…
Mandei-lhe essa carta
e ela disse que não.

Mandei-lhe um cartão
que o amigo Maninho tipografou:
«Por ti sofre o meu coração»
Num canto – SIM, noutro canto – NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou.

Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
pedindo rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia,
me desse a ventura de seu namoro…
E ela disse que não.

Levei à avó Chica, quimbada de fama
a areia da marca que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço forte e seguro
que nela nascesse um amor como o meu…
E o feitiço falhou.

Esperei-a de tarde, à porta da fábrica,
ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
paguei-lhe doces na calçada da Missão,
ficámos num banco no largo da Estátua,
afaguei-lhe as mãos…
falei-lhe de amor… e ela disse que não.

Andei barbado, sujo e descalço,
como um mona-ngama.
Procuraram por mim
« - Não viu… (ai, não viu…?) não viu Benjamim!»
E perdido me deram no morro da Samba.

Para me distrair
levaram-me ao baile de sô Januário
mas ela lá estava num canto a rir
contando o meu caso às moças mais lindas do Bairro Operário.

Tocaram uma rumba – dancei com ela
e num passo maluco voámos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: «Aí, Benjamim!»
Olhei-a nos olhos – sorriu para mim
pedi-lhe um beijo – e ela disse que sim.”

Viriato da Cruz

quinta-feira, junho 02, 2005

Misterioso mundo dos peruanos

Alguma vez viram um peruano a andar na rua? Eu também não. Agora pensem nas festas tradicionais que há por todo o lado em nome de um santo ou santa qualquer. Em metade das bancas de venda de acessórios femininos e material para telemóvel o tipo que diz: - Experimente! Experimente! – é peruano. Mas onde raio é que eles se escondem quando acaba a festa?! Será que são como os chineses que dormem no armazém onde trabalham, deixando desamparado o CLK à porta? Não me parece, pois ainda vamos vendo alguns chineses por aí. Este problema do desaparecimento dos peruanos compara-se ao problema do desaparecimento dos guarda-chuvas. Toda a gente perde guarda-chuvas, mas alguém os encontra? Para reflectir.