terça-feira, dezembro 28, 2004

naked on the road

Nos próximos dias vou estar em tournée em Portugal. Tenho de ver dumas miúdas. Eh, eh!
Obwrigadow.

B. Naked

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Frustração

As relações de amor são tremendamente complicadas de compreender, principalmente no que diz respeito ao lado feminino.
Quando descobrimos alguém interessante somos capazes das mais fascinantes proezas. Todos os dias pensamos em novas maneiras de deixar essa pessoa completamente pronta para o comeseste. Claro está que essa pessoa tem de pertencer, pelo menos, ao nível comesível, pois algo de um nível inferior será sempre um desperdício de tempo. Salvo uma excepção: treinar a técnica de engate.
Depois de muitas tardes a ver o pôr-do-sol, depois de muitas flores dadas, depois de muitos postais escritos, depois de muitas conversas em que pelo meio ainda temos tempo para contemplar a face da Isabel ( geralmente apenas temos tempo para apreciar os apetrechos ), lá conseguimos o que realmente queremos.
Após esta fase, passamos umas boas semanas em que todos os momentos parecem únicos. Mas as cenas que se seguem não são aconselháveis a pessoas sensíveis. As mulheres tornam-se um autêntico Big Brother, no qual temos de ultrapassar uma grande panóplia de provas para ver a “luz ao fundo do túnel”. Toda a nossa vida fica controlada até que temos a sensatez de tomar medidas drásticas. Temos de parecer sempre esfontados até que ela se canse e nos deixe. E aí podemos dizer: “Flores! Afinal há vida depois da morte!” A nossa vida de solteirão volta ao que era.
Para todos os estimados leitores deixo uns pensamentos finais sobre tudo isto.
Frustração

Porque será que ela tinha de partir?
Custaria assim tanto mantê-la?
(Tive de parar para me rir!)
A frustração em que a deixaram e deixarão
Leva-a a tentar ser um ser superior
Para esconder tanta dor...

Nota ainda mais que final: Para o meu amigo Buck deixo um conselho. Que tal um teste de ADN para verificar quem deixa mais quantidade de pelos no sofá?

Verba volant, scripta manent.
Badoix

Hommage

Falando abertamente, não posso, sem prejuízo da justeza dos factos, afirmar que tudo em Coimbra me é objecto de profundo desprezo, de irrevogável ódio, que é por essas e outras (sobretudo essas) que gostava de ter um autoclismo na memória, de poder desfragmentar o disco rígido da consciência e etcétera por aí fora… Tenho de admitir que há um par de aspectos que me não percorrem o espírito, ainda que levemente, sem que deixem atrás de si um ambiente de nostalgia, diria quase ternura. Mas esses permanecerão entre mim e os meus botões… e os botões de duas gémeas marotas, estudantes de Direito, talvez com um Vodca com laranja a mais… Ah, Coimbra…
Buck Naked

sábado, dezembro 25, 2004

B. Naked pede conselho

Há umas semanas atrás tive uma discussão com uma amiga. Já não sei bem qual foi o pretexto (certamente algo trivial – aliás, já estava instalado um conflito na nossa relação havia muito e era só uma questão de tempo), mas as palavras que atirou para cima da mesa juntamente com os cinquenta cêntimos do café antes de se levantar e ir embora, dessas ainda lhes ouço o eco. Disse-me que eu já tinha brincado por tempo suficiente ao lobo solitário no meu apartamentozinho de solteirão e que estava na altura de começar a procurar alguém com quem pudesse aprender a partilhar a vida, antes que já não houvesse nada para partilhar. Não a vi desde então. E é pena porque, com o passar dos dias, acabei por lhe dar razão. Já excluí várias hipóteses, e neste momento estou indeciso entre arranjar uma gaja ou um cão, mas não sei qual deixa mais pelos no sofá. Agradeço desde já, do fundo do coração, qualquer conselho amigo que tenham para me dar.
Sinceramente vosso,

B.Naked

quinta-feira, dezembro 23, 2004

O Feiticeiro de Oz resolve a questão do aborto

A quadra natalícia leva-nos sempre a lugares desconhecidos, profundidades anímicas onde se travam violentos combates. Normalmente, o rumor que desses conflitos chega à superfície não ultrapassa o do bater de asas de uma mariposa. Mas não assim, não no Natal… Está um gajo no Toys ‘R Us hesitante entre um Action Man e uma Barbie Mermaid quando é atingido subitamente, sem aviso, vindo sabe-se lá de onde, qual cometa que, cruzando as esferas, vai cair na baixa de Beijing entre a Zara e a Caixa Geral de Depósitos, matando mais de meio milhão de chineses (não tenho nada contra os chineses) e um cão, pelo absurdo da situação (“Qual absurdo?”, podem perguntar. Ou “Qual situação?” Mas a resposta a essas perguntas reside no íntimo de cada um.). Foi no momento em que estava a marcar o código
- A Barbie é para embrulhar?
- Não, não é preciso. Quero dizer, sim! É para a minha sobrinha, sabe? Eu não brinco com bonecas, se é isso que está a insinuar.
foi nesse momento que resolvi dar algum significado à minha existência, algo de que a minha família e amigos se possam orgulhar
- Quarenta anos e brinca com bonecas, mas, tirando o ódio aos chineses, é bom tipo.
foi nesse momento que resolvi criar esta rubrica, “Feiticeiro de Oz”*, em que pretendo solucionar semanalmente (quem já conhecer decentemente o blog, sabe que a expressão “pretendo fazer isto semanalmente” = “talvez escreva outro texto daqui a seis meses”) um problema da humanidade. E por mais humilde que isto pareça, acredito que, se cada um fizer um pequeno esforço desse tipo, talvez amanhã os nossos bastardos tenham um mundo melhor.

Esta primeira proposta do “Feiticeiro” foi especialmente inspirada no espírito de generosidade que caracteriza o Natal. A questão do aborto já tem vindo a dividir a sociedade há demasiado tempo. De um lado temos os defensores do “direito à vida”. Pedi a uma das principais representantes, a irmã Lúcia Fonseca, da Ordem das Rapadinhas, que nos explicasse o seu ponto de vista:
“Não se pode chacinar inocentes, pelo menos antes da primeira comunhão. Essas lambisgóias não se dão respeito e depois, claro, não gostam de levar com as consequências da mesma forma que gostam de levar com ele todo lá dentro… todo…”
Enigmáticas palavras. Depois disto, a irmã Lúcia entrou em transe místico e deu entrada nas Urgências do Hospital dos Covões.
Por seu turno, a representante do direito à escolha, Gina “Lambona” (tlm.935006372. Máxima discrição. Só para cavalheiros.), residente da Baixa de Coimbra, estudante de Português -Espanhol, argumenta:
"Esta cena, a lei não só é estupida como não dá geito nenhum, meu. Quem é que vai tomar conta do raio do puto quando eu for pá naite, ã? E quem é que vai dizer aos meus pais? Eles não pensam nisso porque não lhes com vem. Quando uma pessoa está a dar uma na casa de banho do Dêdê (Centro Cultural D. Dinis), tem lá tempo de pensar em persevativos. Eles deviam resolver estes probelemas reais em vez de fujir com o rabo à seringa. Eu nunca fujo, pelo menos. Além disso, se o puto nem nasceu, como é que pode ser crime? Até parece que alguém vai sentir falta del.”
Lamentavelmente sic…
Cansado destas disputas intermináveis, fiz um esforço de síntese criativa (whatever that means), e creio ter encontrado a solução. Porque não considerar o aborto cirurgia estética? Mais vale admiti-lo, aquilo é uma espécie de defeito físico. Ao contrário do que a ala feminista mais gronha nos tenta impingir, as grávidas não são lindas. E cheiram mal. Eu não ia para a cama com uma nem que fosse a última mulher na terra (preferia esperar para ver se era menino ou menina). E mesmo que a hipocrisia da nossa sociedade não permita a aprovação oficial de uma lei assim, nunca ninguém notaria. Reparem:

Corporação Dermoestética

- manicure
- liftings
- depilação a laser
- remoção de todas as protuberâncias indesejáveis

Não precisam de me agradecer.
Votos de um santo Natal.

Buck Naked, por um amanhã melhor

Proximamente em “Feiticeiro de Oz”: Ulisses de Joyce ou as 18 variedades de Onanismo

* Feiticeiro de Oz é o nick do meu fornecedor que tem o seu estabelecimento comercial no Casal Ventoso. É a minha forma de homenagear quem me tem proporcionado horas de perfeita felicidade ao longo da última década (por uma módica quantia).

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Solidão

O quotidiano de uma vida a dois é um constante sobressalto. Muitas pessoas poderão pensar que esta agitação se deve ao receio de perder a pessoa amada. Puro engano. O maior receio é ficar sozinho.
O comum dos mortais pensa que quando uma pessoa não tem “alguém” fica inferiorizado em relação aos demais. Temos vários exemplos para isto mesmo. Desde logo o facto de nunca conseguirmos comprar apenas um donuts num supermercado.
O texto que colocaremos a seguir é de Charles Baudelaire. Embora o tenha escrito no século XIX, é um texto que todas as pessoas deveriam ter em mente. Este texto faz parte da obra Petits Poèmes en Prose.

“Um jornalista filantropo diz-me que a solidão é prejudicial ao homem; e em apoio da sua tese cita, como todos os incrédulos, palavras dos padres da Igreja.
Eu sei que o Demónio frequenta voluntariamente os lugares áridos, e que o Espírito do homicídio e da lubricidade se inflama nas solidões maravilhosamente. Mas seria possível que tal solidão apenas fosse perigosa para a alma desocupada e divagante que a povoa com as suas paixões e com as suas quimeras.
Nas nossas raças tagarelas há indivíduos que aceitariam com a menor repugnância o supremo suplício, se lhes fosse permitido fazer do alto do cadafalso uma copiosa arenga, sem o perigo de os tambores de Santerra lhes cortarem intempestivamente a palavra.
Não os lamento, pois adivinho que as suas efusões oratórias lhes facultam volúpias iguais às que os outros encontram no silêncio e no recolhimento; mas desprezo-os.
Desejo sobretudo que o meu maldito plumitivo me deixe gozar à minha maneira. “Você não experimenta nunca - diz-me ele num tom nasalado muito apostólico – a necessidade de partilhar as suas alegrias?” Vede o subtil invejoso! Ele sabe que eu desdenho das dele, e vem insinuar-se nas minhas, o odioso desmancha-prazeres!
“Essa grande desgraça de não se poder estar só!…” diz algures La Bruyère, como para envergonhar todos aqueles que correm a esquecer-se na multidão, temendo sem dúvida não poder suportar a si próprios.
“Quase todas as nossas desgraças nos vêm de não termos sabido conservar-nos no nosso quarto”, diz outro sábio, Pascal, julgo eu, chamando assim para a célula do recolhimento todos esses desvairados que procuram a felicidade no movimento e numa prostituição a que eu podia chamar fraternitária, se quisesse usar da bela linguagem do meu século.”

Verba volant, scripta manent.
Badoix

sexta-feira, dezembro 17, 2004

We’re back

Os nossos estimados leitores devem estar magoados com a falta de actualização do blog. Mas temos explicação para isto.
Posto isto, o que nos deu “elan” para ultrapassar as dificuldades supra mencionadas foi a desertificação do interior. Mudando de assunto, também nos preocupa a falta de integridade moral de um certo produto que tem vindo a ser publicitado em tudo o que é canal televisivo. Exemplo raro disso mesmo é a Sic Comédia. O produto em causa não é novo, mas a sua promoção supera os limites aceitáveis. Certamente os leitores que comungam da nossa sensibilidade em questões fulcrais da sociedade actual já se terão apercebido do efeito nefasto deste produto para o salutar funcionamento da humanidade. Quem entre nós não sofreu na pele o trauma de chegar a casa acompanhado pela miúda que costuma estar na fotocopiadora às 15:15h com rabo-de-cavalo e camisola cor-de-rosa (não estamos a falar de ninguém em particular), depois de um belo jantar romântico no McDonalds, para se deparar com um triste espectáculo? Entramos em casa, colocamos uma música da moda, bastante hip-hop (Nikita do Elton Jonh), servimos um “Juanito Camiñante” (Johnny Walker) e acomodamo-nos no sofá. As coisas aquecem um bocado, há um botão que se desabotoa e eis que ficamos atónitos perante o espectáculo deprimente: ela está a usar uma cinta adelgaçante “Tummy Trimmer”. De repente, cai sobre nós o Oppenheimer’s deadly toy. Após a remoção deste produto, a miúda elegante e atlética transforma-se num perfeito boneco Michelin. Neste momento, percebemos o porquê dela parar a ver a montra de todas as lojas de boomerangs. Necessitava de um para apertar o cinto. O que aconteceu a seguir a isto está a ser investigado pela equipa de psiquiatria da PJ. O já famoso caso é denominado pelos media “Caramelos Laminados”.
O anúncio deste produto é repugnante, por vários motivos. Primeiro, é apresentado por uma gaja chamada Stark Raving Mad. Só isto diz tudo da apresentadora e muito sobre o produto. Depois, colocam duas fotos que, supostamente, deveriam ser da mesma mulher. Numa ela usa a cinta, noutra não. O facto de ela (ou deverei dizer elas?) estar de costas, talvez explique a expansão do efeito adelgaçante nos braços. Terceiro, alguém me explique o facto de uma senhora de idade querer uma destas cintas. Um gajo azarado pode ultrapassar as rugas, um gajo esfontado pode ultrapassar a celulite, um gajo desesperado pode até ultrapassar uma cinta adelgaçante, mas mostrem-me um tipo que ultrapasse as fraldas para a incontinência e eu mostro-lhes um discípulo de Mário de Sá Carneiro. Finalizando, tendo em conta que o objectivo deste produto é atrair o sexo masculino para o comesestes, torna-se complicado prolongar o engano. Aconselhamos vivamente a não utilização de uma cinta adelgaçante, pois só assim poderemos evitar mais casos semelhantes ao processo “Caramelos Laminados”.
Saudações qualquer coisa:
Badoix e Buck Naked
Nota: em futuros textos iremos explicar o significado das expressões “esfontado” e “comesestes”. Para um leitor ávido de informação, recomendamos o Novo Dicionário do Português Contemporâneo, BADOIX, W. e NAKED, B., Coimbranuncamais Ed., 2004, Costa do Sudão.